Pb. Lindevaldo
1 A EXTENSÃO DO PECADO
No Antigo Testamento vemos Deus caracterizar o pecado no indivíduo, no povo, mas também sobre a humanidade, na raça humana, como foi o caso dos dias de Noé.
Mas mesmos após o dilúvio, Deus ainda descrevia: é mau o desígnio do homem desde a sua mocidade – Gn 8:21. Não há homem que não peque (I Rs 8:46); à tua vista não há justo nenhum vivente (Sl 143:2.
No Novo Testamento o tema é mais claro ainda. Paulo afirma, categoricamente, que não há justo, nem um sequer e que todos pecaram e carecem da glória de Deus – Rm 3:10-23. O pecado é universal e cada pessoa precisa de arrependimento e novo nascimento.
Todas as pessoas estão sujeitas à penalidade do pecado, à morte, exatamente porque pecaram. A morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Rm 5:12.
2 A INTENSIDADE DO PECADO
Quão pecaminoso é o pecador?
No Antigo Testamento vemos o pecado sendo distinguido, de acordo com a motivação. Morte acidental ou intencional. Pensamentos e intenções eram condenados à parte dos atos exteriores. Em Jeremias e Ezequiel o pecado é uma doença espiritual que aflige o coração. Nosso coração é errado e precisa ser modificado ou até trocado. Não só pratica o mal, como é inclinado para ele.
O peado é uma condição interna ou disposição, muito mais que atos externos.
No Novo Testamento, Jesus ensina que a disposição interior é má. O pecado é mais que pensamentos ou intenções. É a corrupção humana que produz os pecados – viver segundo a carne produz atos pecaminosos.
3 O PECADO E A DEPRAVAÇÃO TOTAL
De fato, a maldade do homem se multiplicou e era mau todo desígnio do seu coração.
Mas, depravação toda não quer dizer:
- a pessoa é insensível em questões de consciência, de certo e errado;
- o pecador é tão pecador quanto possível;
- o pecador se envolve em todas as formas possíveis de pecado.
Depravação está relacionada com:
- o pecado é um problema da pessoa como um todo – corpo, razão, emoções e vontade.
- o altruísmo da pessoa não-regenerada sempre contém um elemento de motivação imprópria – interesse próprio ou preferência por outro objetivo menor que Deus.
- os pecadores são completamente incapazes de se desfazer de sua condição pecaminosa – mesmo as ações boas são maculadas por motivação inadequada. Embora muitas vezes sensíveis aos estímulos espirituais, são incapazes de fazer o que devem. A salvação pelas obras é impossível.
Não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Rm 3:12.
TEORIAS SOBRE O PECADO ORIGINAL
Romanos 5:12 nos diz que o pecado e a morte passaram/ atingiram todos os homens – entrou por Adão e atingiu a todos. Mas qual a natureza dessa influência exercida por Adão sobre toda a humanidade?
a) Pelagianismo – Pelágio era um monge britânico que foi ensinar em Roma. Sendo moralista, queria que as pessoas vivessem de modo bom e decente. Para ele o pecado de Adão não tem efeito direto sobre cada ser humano. A concepção negativa da natureza humana (depravação) e o valor dado à pecaminosidade do homem, removem sua motivação de desenvolver um esforço para viver de modo bom.
Para mudar essas idéias, Pelágio destaca o livre arbítrio; capacidade de estar livre das influências que controlam o universo. Os homens são livres, ainda, de influências deterministas que provenham da queda. Inicialmente, toda alma criada por Deus é sem mácula de corrupções ou culpas. No máximo, a influência de Adão é de um mau exemplo.
DEUS NÃO ATRIBUI NEM A NATUREZA CORROMPIDA NEM A CULPA À HUMANIDADE.
Reflexos: Como não há efeito direto do pecado de Adão, não há necessidade da atuação especial de
Deus. A graça de Deus é algo presente em todos os lugares e momentos. Podemos sozinhos cumprir os
mandamentos de Deus e não pecar. Não há inclinação inicial ao pecado. A salvação é preservar nosso
bom status inicial e nossa boa posição.
b) Arminianismo – Jacó Arminio foi pastor e teólogo reformado holandês. Segundo ele:
- recebemos de Adão a natureza corrupta;
- sem ajuda divina especial, todos os seres humanos são incapazes de cumprir os mandamentos de Deus;
- essa incapacidade é física e intelectual, mas não volitiva;
- a graça preveniente, um benefício universal da obra expiatória de Cristo, anula as conseqüências judiciais do pecado de Adão. Embora o homem tenha sua natureza depravada, sua culpabilidade foi removida pela livre dádiva de Cristo e neutraliza a corrupção recebida de Adão.
DEUS ATRIBUI UMA NATUREZA CORROMPIDA, MAS NÃO A CULPA
c) Calvinismo – existe uma ligação definida entre o pecado de Adão e todas as pessoas, de todos os tempos. Todos participam do pecado de Adão e recebem uma natureza herdada para o pecado. Todos são culpados do pecado de Adão e a morte, penalidade do pecado, é executada sobre todos - prova da culpa de cada um.
DEUS ATRIBUI A NÓS A NATUREZA CORROMPIDA E A CULPA
4 RELAÇÃO DA NATUREZA DA LIGAÇÃO DE ADÃO CONOSCO
a) Liderança federal – os homens recebem a natureza física por herança de seus pais, mas a alma é criada especialmente por Deus para cada indivíduo e unida ao corpo no nascimento. Embora não estando presentes (psicológica e espiritualmente) em nenhum dos ancestrais, nem em Adão, ele era nosso representante. As conseqüências de suas ações foram também passadas para todos os seus descendentes.
b) Liderança natural ou realista - tanto a natureza física como a alma são transmitidas por nossos pais. Logo, estávamos presentes, em forma germinal, em nossos ancestrais – estávamos realmente em Adão. Sua ação não foi um ato individual, mas da raça humana inteira.
Portanto, é adequada a recepção da natureza corrompida de Adão e a culpa, pois estamos recebendo as conseqüências justas por nosso pecado. Essa é a concepção de Agostinho.
5 PECADO ORIGINAL – MODELO BÍBLICO CONTEMPORÂNEO
- A morte originou-se na raça humana por causa do pecado de Adão – Rm 5:12-19
- A morte é universal por causa do pecado universal da humanidade.
- Mas a causa da morte de todos é o pecado de Adão.
Como conciliar as duas últimas afirmações?
1ª maneira – a última parte do verso 12 é: assim também a morte passou a todos os homens, porque todos os homens pecaram. Todos morrem porque todos são culpados, e todos são culpados porque cada um pecou individualmente.
Problemas com essa interpretação em função do tempo verbal – pecaram – deveria ser “pecam” è tempo presente, denotando algo que ocorre continuamente.
2ª maneira – o verbo “pecaram” refere-se a uma ação singular no passado; o pecado de Adão e o pecado de todas as pessoas é o mesmo.
6 RESUMO DAS IDÉIAS DO AUTOR
1 – Por causa do pecado de Adão, todas as pessoas recebem uma natureza corrompida e são também culpadas aos olhos de Deus.
2 – Tanto a natureza física como a alma são transmitidas por nossos pais. Todos estávamos presentes na pessoa de Adão que era a raça humana. Logo não foi só ele que pecou, mas toda a humanidade. Somos responsáveis pelo pecado.
3 – As crianças, antes da idade de responsabilidade moral e espiritual, não estão sob a condenação de Deus, pois elas foram exemplo daqueles que herdarão o reino de Deus.
4 – Ao cometermos nosso primeiro pecado, ratificamos o pecado de Adão e recebemos nossa imputação final do primeiro pecado (de Adão) – assumimos a culpa pelo nosso pecado e também do pecado original.
Existe outra concepção de que nos tornamos responsáveis e culpados quando aceitamos ou aprovamos nossa natureza corrompida, tomamos consciência de nossa própria tendência para o pecado, e aprovamos a ação do Jardim do Éden, e tornamo-nos culpados daquele pecado sem mesmo termos cometido o nosso próprio pecado.
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